terça-feira, 11 de junho de 2013

Fato Histórico                         
            O primeiro gol ninguém esquece
            No próximo domingo. 16 de junho de 2013, há 63 anos, o Estádio do Maracanã era  inaugurado, um mês antes da abertura do campeonato mundial de futebol.
            O primeiro espetáculo oferecido ao público, no colosso de cimento armado, apresentou as seleções de novos do Rio e de São Paulo. Antes de a bola rolar o público acompanhou os costumeiros discursos proferidos pelas autoridades presentes.  
            Todos nós estávamos na expectativa da entrada dos selecionados carioca e paulista. Testemunhávamos o início de uma nova era no futebol brasileiro. O primeiro grito de gol  no novo estádio aconteceu logo aos 10 minutos do primeiro tempo. Numa jogada da dupla tricolor Carlyle e Didi, os cariocas abriram o marcador.

            O mineiro Carlyle, mais famoso, na época, do que seu companheiro, deu o passe para o campista Didi, cuja fama com o passar do tempo ganhou o mundo, fizesse o primeiro gol no maior palco de futebol do planeta. O Maracanã nos enchia de orgulho.
             Nas últimas semanas, após as grandiosas e dispendiosas obras exigidas pela FIFA, as autoridades e a mídia não cansaram de falar em reabertura e reinauguração do Maracanã. Na verdade, nem uma coisa nem outra. O que houve foi a inauguração de um novo estádio. Como o anterior, ele se chamará Mário Filho e popularmente de Maracanã.

            Não existem mais lugares para os geraldinos e arquibaldos, meu caro Washington! Os termos criados pelo companheiro Washington Rodrigues ficaram na saudade.  

            Os lugares para os sucessores dos vascaínos Ramalho, o homem do talo de mamão, e Dulce Rosalina; dos botafoguenses Tarzan e Russão; dos tricolores Paulista, Bolinha, Sérgio Aiub e Careca; do rubro-negro Jaime de Carvalho; dos banguenses Juarez e Amorim; e da americana Tia Ruth, não existem mais. Vocês foram importantes personagens de uma bela história.

            No nosso Maracanã, vivemos momentos de intensa emoção, cujo cenário serão se eternizarão na memória de cada um de nós, testemunhas de momentos mágicos: o primeiro título carioca no novo estádio conquistado pelo Vasco ao vencer o América por 2 a 1, em 1950; o concurso de  torcidas promovido pelo Jornal dos Sports, no Fla x Flu do turno do campeonato carioca de 1951; a primeira e única partida de Heleno de Freitas, no Maracanã, defendendo o América na derrota diante do São Cristóvão por 3 a 1; o Palmeiras e o Fluminense serem, respectivamente, os  campeões da I e II Taça Rio; em 1955, o Flamengo ser o primeiro clube a conquistar um tricampeonato carioca no estádio; a exibição de gala de Garrincha na final do campeonato carioca de 1957 contra o Fluminense e os gols de Paulinho Valentim; o inédito supersuper de 1958 entre Vasco, campeão, Botafogo e Flamengo; a brilhantíssima atuação de Julinho contra a Inglaterra, em 1959; o América ser campeão estadual após 25 anos, em 1960;  o gol de placa de Pelé contra o Fluminense no Rio-São Paulo de 1961; o show de Garrincha contra o Flamengo na decisão do campeonato estadual de 1962; o bicampeonato mundial do Santos, em 1963; a vitória do Bangu sobre o Flamengo no jogo final do campeonato estadual de 1966; a extraordinária estreia do garoto Paulo César diante do América, na Taça Guanabara de 1967; o 1000º gol de Pelé no jogo com o Vasco, no dia 19 de novembro de 1969; as jogadas e os gols de Zico, maior artilheiro da era Maracanã. 
            Tem muito mais. Hoje, vamos ficar por aqui. Prometemos reviver alguns desses e outros momentos nos próximos dias.    
            Resta-nos o consolo das emoções vividas. A primeira, o gol de Didi que ficará  eternamente em nossa lembrança. No jogo, os cariocas perderam para os paulistas por 3 a 1, mas Didi escreveu, com os pés, seu nome na história: autor do primeiro gol no nosso Maracanã.

Carlyle autografa a bola do jogo. Didi observa.


Gráfico dos gols da partida Paulistas 3 x Cariocas 1

Didi recebe o passe de Carlyle e marca o gol histórico


O Presidente da República Eurico Gaspar Dutra e o Prefeito Ângelo Mendes de Morais, os dois primeiros a partir da esquerda, sobem a rampa do Maracanã, no dia de sua inauguração.


Seleção paulista: em pé, Homero, Osvaldo Topete, Brandãozinho, Dema e Alfredo; agachados, Renato, Rubens, Ponce de Leon, Augusto e Brandãozinho II


 Ernani e Ponce de Leon disputam o lance

Seleção carioca: em pé, Laerte, Ernani, Mirim, Wilson, Irani, Sula e Pastinha (massagista); agachados, Carlyle, Didi, Aloísio, Silas e Esquerdinha.

sábado, 8 de junho de 2013

 
Personagens
                        A “enciclopédia do futebol” fez 88 anos
            Fiquei sensibilizado com a atitude da diretoria do Botafogo por ocasião das comemorações da conquista do campeonato estadual de 2013, ao se lembrar de um de os maiores craques de sua história: Nilton Santos. Internado numa clínica na Gávea, Nilton teve a oportunidade de ver a taça levada por alguns jogadores campeões.  
            Foi um merecido presente de aniversário. A “enciclopédia do futebol” completou 88 anos no dia 16 de maio.  Quando alguém é considerado uma enciclopédia, está sendo reconhecido pelo seu vasto conhecimento em diversos assuntos, isto é, o sabe tudo. É o caso de Nilton Santos com relação ao futebol. Ele ao longo de sua longa e brilhante carreira nos deu verdadeiras aulas, nos gramados do Brasil e do mundo, de como jogar futebol, razão pela qual ficou conhecido como a “Enciclopédia do Futebol” e eleito pela FIFA como o maior lateral esquerdo da história do futebol mundial.
            Em 1948, Nilton deixou a Ilha do Governador, onde jogava no Flexeiras, embarcando na velha barca da Cantareira. Desceu na Praça VX e rumou para a sede do Botafogo de Futebol e Regatas, em General Severiano. Treinou, seu futebol encantou o Presidente Carlito Rocha, que o contratou de imediato.
            Começava a eterna história de amor entre Nilton e o Botafogo. A estreia foi num amistoso com o América Mineiro. O Botafogo perdeu por 2 a 1.
            Na 1ª rodada do campeonato carioca de 1948, Nilton atuou na equipe de aspirantes que venceu o São Cristóvão. Nesse dia, o time principal perdeu para os cadetes por 4 a 0.
            O técnico Zezé Moreira fez várias mudanças na equipe para a segunda partida, inclusive escalando Nilton Santos na lateral esquerda. O Botafogo não perdeu mais, decidindo o título com o Vasco na última rodada quando venceu por 3 a 1, sagrando-se campeão carioca. Nilton sempre afirma: “Eu fui campeão invicto”.
            No ano seguinte, convocado por Flávio Costa, Nilton estreou na seleção brasileira contra o Paraguai em disputa da Taça Osvaldo Cruz. O Brasil ganhou por 2 a 0, em São Januário.
            Na condição de reserva de Augusto, o atleta alvinegro foi campeão sul-americano em 1949 e vice-campeão mundial em 1950. Em 1952, sob o comando de Zezé Moreira, agora como titular, se sagrou campeão pan-americano, em Santiago, no Chile.
            Como titular absoluto, Nilton Santos conquistou dois títulos mundiais. Em 1958, na Suécia, marcou o 2º gol brasileiro na vitória de 3 a 0 sobre a Áustria, no jogo de estreia. Quatro anos depois, veterano com 37 anos, ajudou o Brasil a se sagrar bicampeão do mundo.
            No Botafogo, Nilton foi campeão carioca de 1957 e bicampeão estadual de 1961/1962, além de vários títulos em torneios no exterior.
            A despedida do maior lateral esquerdo do mundo aconteceu no dia 13 de dezembro de 1964 com uma vitória sobre o Flamengo por 1 a 0.
            Parabéns, eterno Nilton Santos!
            O mestre Armando Nogueira, brilhante jornalista e apaixonado botafoguense, em momento de rara inspiração escreveu:
                                                                  Tu, em campo, parecias tantos,
                                                                  É, no entanto, que encanto!
                                                                  Eras um só, Nilton Santos.
 


 1939 - o início no Flexeiras, na Ilha do Governador
 
1948 - Início no Botafogo ao lado de Paraguaio

1950 - Estreia na seleção brasileira. Brasil 2 x Paraguai 0: em pé, Juvenal, Nilton Santos, Danilo,  Bauer, Castilho, Bigode e Johnson; Mário Américo, Friaça, Maneca, Baltazar, Pinga e Rodrigues. 

1952 - Jogos pan-americanos, no Chile. Recebe do Presidente Getúlio Vargas a medalha de campeão.


1954 - Copa do Mundo, na Suíça. Brasil 2 x Hungria 4. Expulso com Bosik

 1956 - Excursão à Europa. Nilton, Amauri e Didi.

 1957 - Botafogo 6 x Fluminense 2 - Alegria após a conquista do título carioca.

 1958 - Botafogo 2 x Fluminense 1 - Abertura do campeonato carioca. Nilton, Garrincha, Didi e Zagallo campeões do mundo.

 1958 - Copa do Mundo - Brasil 3 x Áustria 0 - gol de Nilton Santos.
 
 1958 - Copa do Mundo - Brasil 5 x Suécia 2 - Abraço dos campeões Nilton e o garoto Pelé.

 1964 - Botafogo 1 x Flamengo 0 - Última partida de Nilton quando foi homenageado com um troféu, entregue por Carlinhos.

2009 - Lançamento do livro "Didi, o gênio da folha seca". Nilton e o jornalista e escritor Péris Ribeiro.